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Fragmentos & Letras - um velho artigo que estava num antigo blog. Espero que gostem!

  • Foto do escritor: Marisa Mestiço
    Marisa Mestiço
  • 7 de out.
  • 3 min de leitura

EPICURIO X ASTERIX


No mundo há muitas certezas e a maior das certezas é a dúvida. (Bertolt Brecht)

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O mundo pulsa a destruição da civilização, aos poucos os seres evoluídos voltam aos primórdios de seus ancestrais. A luta agora é para sobreviver ao caos, conflitos que o tempo não poderia acompanhar. São homens exorcizando o conhecimento e fortalecendo sua ignorância.


A visão Epicurista deste mundo que, em meio a uma civilização mutante, verifica que um mal assola todos; propõe uma reflexão de valores sociais. A sabedoria é o principal remédio para a cura dessa doença pertinente aos seres racionais.


(...) Hoje, a maioria dos homens está doente, como que de uma epidemia, em função das falsas crenças a respeito de mundo, e o mal se agrava porque, por imitação, transmitem o mal uns dos outros, como carneiros. Além disso, é justo levar socorro que nos sucederão. Eles também são nossos, embora ainda não tenham nascidos. O amor aos homens nos leva a ajudar os estrangeiros que venham a passar por aqui. Como a boa mensagem do livro já foi difundida, resolvi utilizar esta muralha para expor em público o remédio da humanidade.

A forma de abordagem do roteirista em enfatizar o cenário primitivo com idéias próximo as as sociedade pós-modernas, faz da leitura uma viagem cômica. Epicurio trouxe em suas pensamentos a fantasia que se cria em volta da felicidade como uma parte materializada das pessoas. No "Domínio dos deuses", não é diferente, as personagens fazem analogias ao incomodo epicurista com as aparências, principalmente no âmbito social. A luxuria do condomínio dos deuses, na verdade acaba sendo o bem comum para os romanos, mas que também não esconde o descontentamento das pessoas que se recusam, por medo ou desinteresse, de fazerem parte deste mundo de superficialidade.


Epicurio notando semelhanças entre as comunidades, propõe primeiro pharmakón, ou seja o remédio do conhecimento. Mas é com a profunda observação, ele chega no tretrapharmakón, onde reunira elementos para ajudar a civilização de se curar dessas crendices impostas pela relação - senhor e obediência – remédio para criar sábios livres das ilusões, fazendo do homem um ser com vocações para o prazer e alegria, deixando de ser manipulado como objeto; este vazio faz com que não cuidemos da alma.


“Não há o que temer quanto aos deuses. Não há nada a temer quanto à morte. Pode-se alcançar a felicidade. Pode-se suportar a dor.”

Neste clima, é possível entender a alienação que o homem tem na relação de sua vida X alma, como se fosse anestesiado pelo costume do sofrimento. Outra situação é a ligação forte entre discípulo e mestre, no nível intelecto da troca de informações e ensinamentos, e de forma inconsciente a imitação é inevitável.


" - O que é que nós vamos fazer druida? - Vocês vão colocar uma destas bolotas em cada um desses buracos... São simples sementes que eu trarei com uma das minhas porçõezinhas. - Assim está bom? - Você poderia ter feito o negócio de maneira mais austera, mas é isso aí mesmo. - Prodigioso! - Porquê? É um carvalho como os outros. - Mas você viu com que rapidez ele cresceu? -Bem. É a primeira vez que vejo um carvalho crescer, de modo que eu não sei com que rapidez eles crescem normalmente.”

No tópico “O Cisne e a Andorinha”, enfatiza o estreitamento das relações entre mestre e discípulos, sendo que agora a união perpetua em causas comum, não apenas admiração; a sabedoria descreve uma linha de conhecimento capaz de fornecer aos seus seguidores respostas. Como vimos acima, a sabedoria e as duas interpretações, Epicurio deixa claro as diferenças, pois a alma é parte culminante para o desenvolvimento filosófico, quanto Obelix a matéria é impressionante, Asterix absorve a essência do seu mestre.


A obsessão pelo domínio faz do sucesso uma busca exaustiva, e orgulho ferido não nota o raciocínio lógico. Um homem cego é sempre mais vulnerável ao conformismo ou rebeldia, ou seja, não detém o conhecimento. A sabedoria que liberta, abre a janela de valores, diferente da falsa satisfação imposta pelo estado.


Esse texto foi postado no Blog Fragmentos & Letras em 02/02/2008 às 8h12
Esse texto foi repostado no Linkedin em 15/07/2019
 
 
 

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